Marcelo Torca
Cultura e Arte!
Meu Diário
09/04/2021 05h32
Amácio Mazzaropi

Amácio Mazzaropi

Amácio Mazzaropi (São Paulo9 de abril de 1912 — São Paulo13 de junho de 1981) foi um atorhumoristacantor e cineasta brasileiro.[1]

Considerado o maior cômico do cinema brasileiro, foi o primeiro artista que ficou milionário fazendo filmes no país. Suas produções foram fenômeno de público por mais de três décadas.

Biografia

Filho de Bernardo Mazzaropi, imigrante italiano e Clara Ferreira, brasileira nascida em Taubaté (São Paulo), filha de imigrantes portugueses da ilha da Madeira[3].

Com apenas dois anos de idade sua família muda-se para Taubaté no interior de São Paulo, onde estavam seus avós maternos.[4] O pequeno Amácio passava longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana-verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, às quais levava seus netos que, desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi.[1]

Em 1919, sua família volta à capital e Mazzaropi ingressa no curso primário do Colégio Amadeu Amaral, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las, tornando-se o centro das atenções nas festas escolares. Em 1922, morre o avô paterno e a família muda-se novamente para Taubaté, onde abrem um pequeno bar. Mazzaropi continua a interpretar tipos nas atividades escolares e começa a frequentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandam Amácio aos cuidados do tio Domenico Mazzaroppi, em Curitiba, onde trabalhou na loja de tecidos da família.[1]

Já com quatorze anos, em 1926, regressa à capital paulista ainda com o sonho de participar em espetáculos circenses. Finalmente entra para a caravana do Circo La Paz. Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi conta anedotas e causos, ganhando uma pequena gratificação. Sem poder se manter sozinho, em 1929 Mazzaropi volta a Taubaté com os pais, onde começa a trabalhar como tecelão, mas não consegue se manter longe dos palcos e atua numa escola do bairro.[1]

O teatro, o rádio e a televisão

Com a Revolução Constitucionalista de 1932, segue-se uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreia em sua primeira peça de teatro, chamada A herança do Padre João. Já em 1935, consegue convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. Até 1945, a Troupe Mazzoropi percorre muitos municípios do interior de São Paulo, mas não há dinheiro para melhorar a estrutura da companhia.[1]

Com a morte da avó materna, Dona Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebe uma herança suficiente para comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos. Depois, parte com a companhia em turnê pelo Vale do Paraíba. A grave situação de saúde de seu pai complica a situação financeira da companhia de teatro e, em 8 de novembro de 1944, morre Bernardo Mazzaroppi.[1]

Dias após a morte de seu pai, estreia no Teatro Oberdan ao lado de Nino Nello, sendo ator e diretor da peça Filho de sapateiro, sapateiro deve ser, acolhida com entusiasmo pelo público.[1]

Em 1946, convidado por Dermival Costa Lima, da Rádio Tupi, estreia o programa dominical Rancho Alegre, encenado ao vivo no auditório da emissora no bairro do Sumaré e dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Em 1950, este mesmo programa estreou na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João Restiffe e Geny Prado. Mazzaropi tinha um hobby, gostava de cantar valsaMPB e seresta com os seus amigos.[1]

Segundo alguns de seus amigos mais próximos, Mazzaropi era homossexual e solitário.[5]

O cinema

Em cena do filme O Grande Xerife, de 1972.

Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreia seu primeiro filme, intitulado Sai da Frente, em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde produziria mais dois filmes. Com as dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi faz, até 1958, mais cinco filmes por diversas produtoras.[1]

Naquele mesmo ano, vende sua casa e cria a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi) e passa não só a produzir, mas distribuir os filmes em todo o Brasil. A primeira obra da nova produtora é Chofer de Praça.

Em 1959, é convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como Boni, na época da TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica no ar até 1962. Neste mesmo ano começa a produzir um de seus filmes mais famosos, Jeca Tatu, que estreia nos cinemas no ano seguinte.[1]

Em 1961, Mazzaropi adquire uma fazenda onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produziria seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca, que foi também o primeiro filme veiculado na televisão, pela Excelsior, conquistando o prêmio de melhor ator coadjuvante, para Genésio Arruda, e melhor canção.[1]

Cinco anos mais tarde, lança o filme O Corintiano, recorde de bilheteria do cinema nacional. Em 1972, é recebido pelo então presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, ao qual pede mais apoio ao cinema brasileiro. Em 1973, produz Portugal, minha saudade, com cenas gravadas no Brasil e em Portugal.[1]

No ano seguinte, começa a construir em Taubaté um grande estúdio cinematográfico, uma oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui mais cinco filmes até 1979.[1]

Morte

Seu 33º filme, Maria Tomba Homem, nunca seria terminado. Depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre, vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital Albert Einstein de São Paulo. Foi sepultado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava.[6] Nunca se casou, mas, segundo declarações de seu filho André Mazzaropi, nutriu durante a vida um amor platônico pela apresentadora e amiga Hebe Camargo;[7] deixando também cinco filhos adotivos: Péricles Moreira (1943-?), Pedro Francelino de Souza (1954-2009), João Batista de Souza (1953-1983), Carlos Garcia (1942-2008) e André Luiz Mazzaropi.

Museu Mazzaropi

Ver artigo principal: Museu Mazzaropi

Inaugurado em 1992, o Museu Mazzaropi está localizado na mesma propriedade dos antigos estúdios, recolhendo a história da carreira de um dos mais consagrados nomes do cinema, do teatro e da televisão brasileiros.[1]

Filmografia

Em três décadas, Mazzaropi participou de trinta e duas produções cinematográficas, as primeiras como ator, mas a partir de 1958, também como produtor. Faleceu antes de completar seu trigésimo terceiro filme, intitulado Maria Tomba Homem.[8][9]

Ano Título Papel
1952 Sai da Frente Isidoro Colepicola[10][11]
Nadando em Dinheiro
1953 Candinho Candinho
1955 A Carrocinha Jacinto
1956 Fuzileiro do Amor José Ambrósio
Sargento Ambrósio José
O Gato de Madame Arlindo Pinto
1957 O Noivo da Girafa Aparício
1958 Chico Fumaça Chico Fumaça
Chofer de Praça Caría (Zacarias)
1959 Jeca Tatu Jeca
1960 As Aventuras de Pedro Malazartes Pedro Malazartes
Zé do Periquito Zenó
1961 Tristeza do Jeca Jeca
1962 O Vendedor de Linguiça Gustavo
1963 Casinha Pequenina Chico
1964 O Lamparina Bernardino Jabá
Meu Japão Brasileiro Fofuca
1965 O Puritano da Rua Augusta Pundoroso
1966 O Corintiano Seu Mané (Manoel)
1968 O Jeca e a Freira Sigismundo
1969 No Paraíso das Solteironas Joaquim Kabrito (J.K.)
Uma Pistola para Djeca Gumercindo
1970 Betão Ronca Ferro Betão
1972 O Grande Xerife Inácio Pororóca
1973 Um Caipira em Bariloche Polidoro
1973 Portugal... Minha Saudade Agostinho
Sabino
1974 O Jeca Macumbeiro Pirola
1975 Jeca Contra o Capeta Poluído
1977 Jecão, um Fofoqueiro no Céu[12] Jecão
1978 O Jeca e seu Filho Preto Zé do Traque
1979 A Banda das Velhas Virgens Ananias (Gostoso)
1980 O Jeca e a Égua Milagrosa Raimundo
1982 Maria Tomba Homem  

A partir de Chofer de Praça, em 1958, além de ser o protagonista, Mazzaropi também acumula as funções de produtor e roteirista, colaborando frequentemente com os diretores. Recentemente foi lançada em DVD uma coleção de 22 de seus filmes, em sete volumes. Alguns tinham no título o nome Jeca, mesmo ele tendo interpretado esse personagem apenas no filme Jeca Tatu.[1]

Discografia

Mazzaropi gravou quatro compactos em sua carreira. Em 1968 e em 1995, foram lançados discos com coletâneas de seus maiores sucessos no cinema.[13]

 
Ano Título Gravadora
1956 Nhá Carola/Na piscina de madame (78 RPM) RGE
1958 Não chores mais/Isabé (78 RPM) Chantecler
1960 Azar é festa/Fogo no rancho (78 RPM) RGE
1961 Saudade/Jóia do sertão (78 RPM) Chantecler
1968 Os grandes sucessos de Mazzaropi RCA
1995 Os grandes sucessos de Mazzaropi, volume I Intermovies

 

De: https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A1cio_Mazzaropi 

 

Wikipédia

 

Publicado por Marcelo Torca
em 09/04/2021 às 05h32